9 de agosto de 2012

É possível mensurar o serviço de um policial militar?

Uma proposta do mais recente comandante geral da PM de São Paulo pretende criar uma gratificação variável para no seu entendimento valorizar seus policiais. Serão várias metas ligadas a redução na criminalidade e produtividade relacionadas à redução na criminalidade. Mas será que isso funciona na profissão? Será que um policiamento ostensivo eficiente realizado por uma guarnição que irá diminuir a incidência de ocorrências em uma área não será mais eficiente que uma guarnição que prende elementos armados? Neste caso quem patrulhou bem e não prendeu ninguém será menos valorizado do que quem não faz a sua parte e tem que atuar de forma a repressiva. Nossa profissão não é essencialmente ostensiva e preventiva?

Mas assim como o ostensivo, o repressivo caçador de marginais também é, e como se calcular valores para os dois tipos de policiamento?

Outro critério é o número de abordagens. Mas até abordagens podem ser classificadas apenas pela quantidade, já que não se trata de algo que depende de quantidade e sim de qualidade do policial, tem guarnições que podem passar o dia todo abordando e não vão conseguir apreender um único cigarro de maconha sequer, enquanto outras com pouquíssimas abordagens conseguem fechar flagrantes.

E grupamentos especializados como ficam? E os policiais que trabalham em postos policiais, em policlínicas, no complexo penitenciário? Este tipo de remuneração deixa muitas lacunas abertas.

Até mesmo a redução na letalidade vai entrar como meta nessa remuneração. Os policiais que menos se envolverem em ocorrências de resistência seguida de morte serão recompensados.

É louvável a tentativa de redução da criminalidade, mas existem fatores que conseguem diminuir a violência policial de forma mais justa, e uma delas é uma remuneração digna para que o policial que trabalhe na corporação em que se engajou de forma plena, sem precisar de bicos. O respeito à tropa, onde policiais param de ser tratados como eternos recrutas e começam a ser tratados como profissionais. É claro que maiores salários e melhor trato acarreta maiores cobranças, e que eles sejam feitas.

Segue abaixo, parte da reportagem publicada no ESTADÃO:

Comando quer pagar gratificação para policial militar que matar menos
O Comando-Geral da Polícia Militar de São Paulo vai criar uma remuneração variável para valorizar seus praças e oficiais. A letalidade policial fará parte da lista de indicadores que renderão gratificações maiores aos melhores agentes de segurança. Os PMs que menos se envolverem em ocorrências suspeitas de resistência seguida de morte ganharão pontos para aumentar seus vencimentos.
Os PMs com mais pontos ao longo do mês receberão bonificações maiores. Esse índice será feito com base em uma lista de metas ligadas à redução da criminalidade e à produtividade da ação policial relacionada, por exemplo, a apreensão de armas e revistas de suspeitos.
Essas são algumas das medidas a serem apresentadas pelo comandante-geral da PM, Roberval Ferreira França, para reformar a corporação. No cargo desde o dia 24 de abril, França falou ao Estado sobre as estratégias que pretende implementar para mudar a imagem e a forma de agir da PM.
O plano passou a ser executado nos primeiros dias de sua gestão. A ideia já foi apresentada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto. “O governador reagiu da seguinte forma: ‘meus parabéns, aprovo na totalidade e tem minha liberação para colocar 100% dessas propostas em realidade’”, diz o comandante.

Esta matéria foi publicada originalmente pelo site:  CASERNA PAPA MIKE




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